A doença, que afeta principalmente os ovinos, tem levado a um aumento alarmante de mortes e abortos entre os rebanhos, resultando em severas perdas financeiras para os produtores.

Até ao momento, o país estava a lidar com os serotipos 1 e 4 do vírus, com declaração e vacinação obrigatória do efetivo ovino reprodutor adulto e dos jovens destinados à reprodução, bem como do efetivo bovino. Contudo, a deteção do serotipo 3, no distrito de Évora a 13 de setembro de 2024, que rapidamente se espalhou a outros distritos do Alentejo e, atualmente, nos distritos de Santarém e Castelo Branco, trouxe novas preocupações.

A 10 de outubro, em resposta a este surto, a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) autorizou a utilização provisória da Vacina Syvazul BTV 3 para ovinos e bovinos. No entanto, esta vacina não está incluída no Programa de Sanidade Animal (PSA), o que representa custos elevados de aquisição e administração, e um desafio adicional para os produtores. Além disso, o processo de disponibilização da vacina também é moroso, o que dificulta uma resposta rápida.

Tendo em conta a gravidade destas circunstâncias e o impacto devastador da doença nas perdas produtivas e nos custos avultados dos tratamentos veterinários e a aquisição e administração da vacina, é urgente uma intervenção rápida com a disponibilização da vacina sem encargos para o produtor. As taxas de mortalidade e abortos associados a este serotipo são muito elevadas, colocando o setor numa situação sanitária preocupante e ameaçando a sustentabilidade das explorações pecuárias.

Dados do Sistema de Informação de Resíduos de Animais (SIRCA), de setembro de 2024, revelam um aumento de 54% na recolha de animais mortos na região do Baixo Alentejo, em relação ao mesmo período do ano passado, o que representa mais 4.000 animais. Nos últimos dias, o número de animais recolhidos ultrapassou a marca de mil por dia, refletindo a gravidade da situação.

Este serotipo 3 está a dizimar os rebanhos. São enormes os prejuízos imediatos com as mortes e abortos, mas também a dimensão do impacto a longo prazo é preocupante pela impossibilidade de acesso aos prémios dos animais e face à incógnita sobre o encabeçamento mínimo para validar as medidas dos ecorregimes e medidas agroambientais.

A CAP está a acompanhar a gravidade do surto e os impactos financeiros crescentes. É da maior urgência que a tutela intervenha de forma célere, minimizando os custos para os produtores e assegurando a continuidade das explorações e a sua sustentabilidade económica.

Fonte: CAP