Não acautelar esta situação resultará numa enorme destruição de valor económico e financeiro, desperdiçando-se meses de intenso trabalho e de avultados recursos investidos na Agricultura. Os prejuízos resultantes da concretização desta greve destruirão de forma definitiva dezenas de milhões de euros podendo levar à falência milhares de agricultores.

A greve anunciada com início no dia 12 de Agosto irá ter lugar num período agrícola particularmente intenso, em plena época de colheitas, como a pera-rocha, o tomate para a indústria, pimento, milho, batata, uva, entre outras, de vital importância para milhares de agricultores e suas organizações em todo o País, comprometendo exportações e a viabilidade de todo um ano de trabalho. As colheitas não esperam, simplesmente perdem-se!

Na passada quarta-feira 14 de julho, um governante defendeu que os portugueses começassem a abastecer-se, para se precaverem no caso da greve dos motoristas se prolongar no tempo. São declarações que a CAP considera desajustadas e ignorarem por completo a realidade do mundo rural e as necessidades do mundo agrícola. Os agricultores não deixarão de tudo fazer para garantir que as suas colheitas serão preservadas e que será possível continuarem a sua atividade. A corrida aos postos de combustível será inevitável. Estamos numa altura de Verão e de calor intenso. Apelar, nesta altura do ano, para as pessoas se abastecerem, poderá resultar em armazenamento irregular e descuidos no transporte de combustível, potenciando acidentes trágicos, que a todo o custo se devem evitar. Declarações alarmistas não são compreensíveis ou desejáveis.

A análise à Rede de Emergência de Postos de Abastecimento divulgada pela Entidade Nacional para o Setor Energético atenta apenas à realidade demográfica, ignorando por completo a realidade económica e agrícola do País. Nos distritos onde a Agricultura tem um peso preponderante está estipulado um número muito reduzido de postos de abastecimento que não serão suficientes para que os agricultores possam operar as suas máquinas, os seus tratores e as suas alfaias agrícolas, fazerem as suas colheitas ou escoarem os seus produtos.

Respeitando o direito à greve deve o Governo tudo fazer para que o País agrícola não fique parado ou renegado para segundo plano.

Não pode haver portugueses de primeira ou de segunda, portugueses da cidade ou portugueses do campo, portugueses urbanos ou portugueses rurais. Todos são importantes, todos contam. Os agricultores apelam ao Governo para que reveja a Rede de Emergência de Postos de Abastecimento, por forma a acautelar que a atividade agrícola seja salvaguardada e que o trabalho de meses de dezenas de milhares de pessoas não seja simplesmente destruído porque não existe combustível para as máquinas poderem operar. Será a ruina de parte significativa do sector e a falência de centenas de agricultores.

A duas semanas do início da greve, há muito tempo para que o Governo encontre soluções que respondam a este apelo e assim impeça e evite a destruição de valor agrícola. Trata-se de uma situação de emergência. É necessário adequar a Rede de Postos de Abastecimento por forma a que os agricultores tenham prioridade e possam colher e transportar o fruto do seu trabalho.


A Direcção da CAP

Lisboa, 29 de julho de 2019