O semanário Expresso e a Representação da Comissão Europeia em Portugal organizaram no dia 9 de janeiro a Conferência Coesão e Futuro da UE onde se debateram os desafios geopolíticos e desafios futuros da UE, nomeadamente o alargamento da União Europeia e o seu impacto para a Europa e para Portugal.

O evento contou com a presença da Comissária Europeia para a Coesão e Reformas, Elisa Ferreira, com a professora e investigadora na área da política externa, segurança e defesa, Ana Isabel Xavier, o premiado economista e professor na London School of Economics, e colunista do Expresso, Ricardo Reis, e também do presidente da CAP, e antigo diplomata, Álvaro Mendonça e Moura.

A seis meses das eleições para o Parlamento Europeu, a perspectiva de um novo alargamento da União Europeia confirmado pelo convite do Conselho Europeu para abertura das negociações de adesão com a Ucrânia e a Moldávia, em novembro último, ganha relevância na análise sobre a política de coesão da Europa.

“A União Europeia não é pensável sem coesão” afirmou o presidente da CAP, reforçando que quanto mais alargada for a UE, mais forte terá de ser a política de coesão. “O alargamento não nos assusta”, nem a Ucrânia é um ‘papão’, sublinhou Álvaro Mendonça e Moura referindo o “espectacular progresso que a nossa agricultura fez, só para falar dos últimos 15 anos”.

Para a Confederação é mais preocupante a não aplicação de todo o volume de recursos da Política Agrícola Comum, postos à disposição do governo português pela União Europeia, que representa milhões de euros por executar e investimento a que não acedemos. “A coesão é o cimento da UE, não é uma renda fixa. É um investimento que é responsabilidade nacional” e Portugal não pode acusar ‘Bruxelas’ pela capacidade e qualidade “do nosso trabalho”. Álvaro Mendonça e Moura destacou também o papel relevante da PAC na coesão europeia, lembrando que a autonomia estratégica da UE passa pelo garante de autonomia alimentar sem dependência de cadeias longas como se constatou durante a pandemia Covid.

Ainda sobre o cenário de alargamento da UE27, o presidente da CAP mostrou-se confiante que uma agricultura moderna e competitiva não pode temer “esse jogo, onde todos temos de ganhar”. Contudo, a sua experiência de diplomata recomenda que este não seja “o único instrumento da UE para lidar com os vizinhos, pois cria expectativas e ressentimentos” internos, externos e duradouros, disse recordando o caso da Turquia, que é país candidato desde 1999. O alargamento requer “prudência e preparação”, tanto da União Europeia como dos Estados candidatos.