Os agricultores alertaram para a “situação de sufoco” em que se encontram muitas explorações pecuárias em Portugal, face à seca prolongada, e lamentaram a ausência de “medidas eficazes” para mitigar o impacto deste problema para o setor.

“Os picos de calor afetaram sobretudo a zona interior do país, sensivelmente entre Guarda e Mértola, apesar de ter consequências em todas as regiões e culturas, incluindo para a floresta”, referiu o secretário-geral da CAP. “Por exemplo, ver imagens de peras, no Oeste, ainda nas árvores, como se tivessem sido assadas no formo, é verdadeiramente chocante, mas os efeitos estão presentes na generalidade das culturas e afetam a produtividade das plantas, mesmo onde o impacto não é tão visível”, disse Luís Mira à Agência Lusa.

O responsável da CAP lamentou que, no que diz respeito à seca, continuem a não existir “medidas eficazes” por parte do Governo. “As situações de seca têm vindo a tornar-se recorrentes ao longo dos anos mais recentes e, de maneira alguma, podemos dizer que os governos são surpreendidos por esta situação. Neste caso, o que falta é substituir a passividade política perante este problema, por investimentos estratégicos no uso e captação de água, bem como pela aposta num plano de construção de infraestruturas que permitam gerir a disponibilização de água ao longo de todo o território nacional”.

Para a CAP, não adianta ignorar as alterações climáticas, tendo em conta que este fenómeno veio para ficar. E, quando mais tarde reagirmos, “mais difícil e oneroso será para o país”, defende.

Na quarta-feira, a flexibilização pela Comissão Europeia de certos requisitos na legislação comunitária para o acesso a apoios à viticultura e produção de frutos e hortaliças prejudicadas pela seca foi publicada no Jornal Oficial da União Europeia (UE). Por exemplo, são eliminadas as restrições à utilização de fundos para as medidas de prevenção e gestão de crises, aumenta até 60% o nível de financiamento comunitário para estas atividades, que usualmente é de 50%. Quanto à viticultura, os “viticultores titulares de autorizações de plantação que expirem em 2023 e se destinem a ser utilizadas em regiões afetadas pelos acontecimentos meteorológicos adversos da primavera de 2023 não estão sujeitos a sanções administrativas”, mas têm de informar as autoridades dos respetivos países, até ao final do ano, “de que não tencionam fazer uso da sua autorização e que não desejam beneficiar da prorrogação”.

Fonte: Agência Lusa