A vida ensinou-me que nas situações negativas existem sempre fatores positivos e que é nesses que nos devemos focar. A Covid-19 trouxe ao mundo inteiro uma crise económica e social inesperada e de consequências incalculáveis, a que a União Europeia reagiu apresentando uma solução com muito dinheiro. A agricultura em Portugal não parou e demonstrou ao Poder Político, à Banca e aos Cidadãos que é um sector capaz de aguentar as crises e que, apesar de todas as limitações, aumentou as exportações em 2020. Este é um fator positivo de que ninguém se pode esquecer no futuro!
Demonstrando capacidade organizativa, estratégia e ambição, a CAP apresentou (antes de qualquer outro parceiro social) um contributo para o relançamento da economia portuguesa a que chamou Ambição Agro 2020-30. A apresentação contou com a participação das mais altas figuras do Estado e de vários ministros, não podendo deixar de destacar a presença do Ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, numa confirmação clara da importância da Agricultura na economia portuguesa. O contributo da CAP encaixa na “Visão Estratégica para o Plano de Recuperação 2020-2030” apresentado pelo Dr. António Costa Silva (também ele presente) donde resultou o Plano de Recuperação e Resiliência que o primeiro-ministro entregou em Bruxelas a 15 de Outubro.
O documento da CAP não aborda nenhuma atividade agrícola em particular, preferindo destacar acções horizontais que a serem implementadas vão promover a sustentabilidade, a inovação e exportação no sector agrícola.
A CAP espera que as verbas que venham a ser disponibilizadas na próxima década tenham em consideração a Agricultura e o Mundo Rural, e não sejam aplicadas numa lógica eleitoralista (mais pessoas, mais votos), mas sim numa lógica de sustentabilidade, de equilíbrio do território em infraestruturas produtivas, tão necessários ao desenvolvimento consistente de Portugal.
Apesar do momento difícil que atravessamos, as perspetivas para os próximos anos são positivas, pois são capazes de criar um sector mais tecnológico, mais sustentável e mais competitivo que ajudará a trazer e a fixar os jovens no mundo rural. Este é o momento de voltar a dignificar a profissão de agricultor.
Luís Mira
Secretário-geral da CAP